"""Todas as viagens a lugares improváveis, perto ou longe de casa, são explorações dos outros caminhos do mundo, se formos lá ver o que ainda não tinha sido visto antes. E ouvir falar as vozes dos que não costumam entrar nas histórias. E, por estas e outras vias, sentirmo-nos momentaneamente parte integrante daquele espaço, como se lá tivéssemos nascido. Ao longo da minha vida tive a felicidade de visitar muitos mundos dos outros e de me deixar assombrar por eles? lembro-me de passar horas no mercado do peixe de Belém do Pará completamente maravilhada com as criaturas impossíveis pescadas no Amazonas. Alguns estão guardados comigo como segredos preciosos, que são mesmo só meus e de quem os partilhou comigo. Outros converteram-se logo a seguir em reportagens para jornais e revistas, tornaram-se posse de quem os leu na altura, e serão agora posse de quem quiser viajar por eles. Cobrem zonas longínquas do globo, como a Ilha de Páscoa ou o ooutback australiano, e momentos estranhíssimos, a todos os títulos irrepetíveis, como a última semana em que a União Soviética foi a União Soviética. Estão cheios de paisagens distantes e vigorosas, mas também estão cheias de pessoas. E as pessoas falam. Falam muito. É assim que me abrem a porta para o mundo delas, e esta é a forma como eu lhes presto homenagem. Adoro tudo o que não está à vista."""