O quarto volume da coleção Obras de Eugénio de Andrade corresponde a Ostinato Rigore, um dos livros mais marcantes na sua obra poética.
Como diz Eduardo Lourenço, no seu admirável texto Oiro e Melancolia, justamente dedicado a este livro, A sandália de Eugénio de Andrade, poeta do instante eterno em que o meio-dia humano se incarna miraculosamente, é menos ostentatória que a de Empédocles. E mais lusitanamente acordada com a essência de uma lírica que, atentando melhor, e contrariamente ao que poderia parecer, inverte menos a sua música profunda de um canto ingénuo da nossa alma galaica, vibrando anónima com a Natureza, do que a potencia magicamente como resposta e refúgio contra o mundo sem inocência que nos coube.
É com um breve poema que integra hoje a nossa memória cultural que o poeta de Ostinato Rigore se despede do seu verão, como nós nos despedimos dele colhendo
todo o oiro do dia
na haste mais alta
da melancolia.