A etologia contemporânea operou uma revolução importante cujo alcance não foi ainda totalmente apreendido. As representações clássicas do animal já não são sustentáveis na medida em que a oposição entre natureza e cultura deixou de ser suficiente para explicar a diferença que separa o homem do animal. Torna-se doravante necessária uma verdadeira etnologia para compreender numerosas sociedades animais como a dos chimpanzés, a dos elefantes ou as de certos mamíferos marinhos. Reexaminando as noções de utensílio, de comunicação e de racionalidade, Dominique Lestel demonstra aqui que os comportamentos culturais não constituem uma ruptura exclusiva do ser humano mas emergem progressivamente na história do ser vivo. Ele sugere, aliás, que certos animais devem ser considerados autênticos sujeitos dotados de uma história, de uma consciência de si e de representações complexas. Isto significa que o estatuto do homem deve ser repensado de forma radical: esta é uma das questões importantes para o século XXI.