Numa Noite Escura Saí da Minha Casa Silenciosa é uma história misteriosa, onde o real e o imaginário se cruzam. Num dia de chuva e sem motivo aparente, o farmacêutico de Taxham, nos arredores de Salzburgo, empreende uma longa viagem em direcção ao imprevisto e à aventura, desde a Áustria até à Andaluzia. Parte com dois companheiros ocasionais e mudo, mas regressa sozinho e sereno, depois de um percurso aparentemente arbitrário.
Peter Handke aproveita os versos do poeta espanhol San Juan de la Cruz, que dão origem ao título deste romance, para nos levar numa viagem ao desconhecido. Um périplo aos medos, fantasmas e solidões que assombram os homens, numa narrativa entre o mágico e o real.
Uma viagem, afinal, ao interior de nós próprios, característica da obra de Peter Handke, um dos mais perspicazes e provocadores escritores contemporâneos.
Excerto:
"Com energia, o farmacêutico saiu do mundo dos homens. Com energia, avançou pela estepe. Por mil caminhos deves cavalgar, ou a tua aventura nunca chegará ao fim. (…) Caminhara o mais possível em linha recta e estava fora de questão voltar para trás, até ao ponto em que alterara o seu rumo, em que mudara de direcção. Por isso, só lhe restava continuar a andar em frente, mesmo que, desta maneira, encontrasse obstáculos intransponíveis."
Críticas de imprensa:
"Numa Noite Escura Saí da minha Casa Silenciosa é um romance que perturba. Porque associa realismo e onirismo até à vertigem, como um filme de Buñuel revisitado por Wim Wenders. Porque não pára de baralhar as pistas, na linha de uma demanda iniciática, no fim da qual não cintila nenhum Graal. Perturbador porque, face a esta história sonâmbula, se confessa um herói sem nome." (L´Express)
"Um aspecto interessante na carreira de Handke enquanto narrador é que não se repete. Os seus escritos parecem avançar em direcção a um lugar oculto, talvez inexistente, o terreno pantanoso do inefável." (El País)