Desde que C.P. Snow, em 1959, estabeleceu a distinção, algo artificial, entre cultura científica e cultura literária, muitos têm buscado formas de as harmonizar, procurando uma terceira alternativa nas ciências sociais, na tecnologia, ou simplesmente convidando os homens da ciência a falarem directamente ao público leigo.
O autor deste volume demonstra como as lutas que enfrenta na clínica e nas letras, afinal, se entrelaçam e fecundam, criando asssim uma cultura muito mais poderosa do que a soma das duas. Temas como a educação dos novos médicos, os conflitos de profissionais com culturas adversas, a SIDA, as responsabilidades da nova liberdade, a educação, o amor pelos livros ou a aventura de D. Quixote ilustram claramente a sua tese. Um quadro de Paula Rego e uma escultura de José Pedro Croft inspiram duas análises bem diversas dos habituais escritos sobre arte. O longo convívio do autor com Juvenal Esteves e dois ensaios sobre Egas Moniz evocam duas personalidades marcantes da medicina portuguesa deste século