Imensas transformações modificam o planeta e as ferramentas disponíveis para pensar estes fenómenos evoluem a alta velocidade. Quem iria adivinhar? Em poucos anos, a minha geração de investigadores em ciências sociais viveu de uma assentada a derrocada do funcionalismo, o triunfo, depois o declínio do estruturalismo, o apogeu, depois o enfraquecimento do marxismo (a começar pelas suas versões funcionalista e estruturalista), as conquistas do interaccionismo simbólico, a força crescente de diversas variantes do individualismo metodológico, o retorno do tema do Sujeito, etc. Estamos aqui perante, não uma crise, mas uma mutação da nossa maneira de reflectir e de abordar um mundo em mudança. Esta mutação verifica-se em todas as disciplinas do saber e não só nas ciências sociais, mas estas estão na primeira linha e são chamadas a desempenhar um papel central. O objectivo deste livro não é portanto fazer um ponto da situação e equacionar a questão - acabamos de o fazer numa obra colectiva, Les Sciences sociales en mutation. Trata-se, antes do mais, de explorar os instrumentos de análise mais promissores, os que melhor podem ajudar-nos a apreender o mundo em que vivemos.