É quase inédito que um rei ainda no poder escreva as suas memórias, abordando sem rodeios os problemas mais críticos que enfrenta. O rei Abdullah II decidiu fazê-lo agora pelo sentimento de grande urgência que lhe suscita a sua convicção de que a janela da paz entre Israel e os Palestinianos se fecha a grande velocidade. Há doze anos que governa a Jordânia. O seu país desempenha um papel fulcral no centro dos debates estratégicos relacionados com o conflito israelo-árabe, o Iraque, o Irão e o terrorismo. Contudo, durante quase toda a sua vida e até ascender ao trono, nunca pensou que esse seria o seu destino.
Filho mais velho do rei Hussein, foi, na década de 70, para um colégio interno nos Estados Unidos, numa altura em que as guerrilhas palestinianas lhe perseguiam a família. O pai instou-o a ir para Sandhurst, a lendária academia militar britânica, onde começou a sua vida como militar. À medida que ia subindo de patente no Exército Jordano, perseguiu terroristas e traficantes de droga, até, por fim, se tornar líder das Forças Especiais. Nestas memórias que denotam uma honestidade e narram recordações pessoais perfeitamente desarmantes, o rei Abdullah conta-nos como conseguiu, a par da sua carreira militar, construir uma família com a sua bela e bem-sucedida mulher, Rania.
Foi após um Verão dramático permeado de intrigas no palácio e marcado pela morte do pai que se viu subitamente no papel de rei.
Depois de assistir a quatro guerras, desde que subiu ao trono, o rei Abdullah crê que nos encontramos face a um momento de verdade. Os Palestinianos, tendo esperado demasiado tempo pelo cumprimento da promessa dos Acordos de Oslo de lhes conferir o estatuto de estado, estão a ficar impacientes. Neste inspirador e comovente livro, o rei Abdullah partilha connosco o cenário que ele julga podermos criar – bem como os catastróficos custos que implica o fracasso dessa visão.
É com palavras firmes que descreve o impacto da Guerra do Iraque no seu país, o flagelo do extremismo e a melhor forma de abordar o Irão. Intimista, intenso, sem barreiras, cheio de histórias surpreendentes, A Nossa Última Esperança é um apelo fervoroso a que, antes que seja demasiado tarde, se tomem as difíceis mas necessárias decisões para instaurar uma paz duradoura.