Neste ensaio procurou-se compreender e descrever como se articulam o pensamento estético e a poética de Eugénio de Andrade, mostrando, através do rigor formal da sua escrita, como o “acto poético”, “este fogo de conhecimento que também é fogo de amor, em que o poeta se exalta e consome, é a sua moral. E não há outra”. Infância e silêncio são os dois principais aspectos estudados e através dos quais se traça o círculo virtuoso em que a linguagem se torna epifania do ser. O ofício da poesia é aqui analisado aplicando a metodologia da crítica genética a todas as variantes dos poemas intitulados “Todas as águas” e “Como pólen”, documentos que se encontram no espólio do poeta, bem como aos Primeiros Poemas, conjunto resultante da reelaboração de textos juvenis, primeiro renegados e depois – após mais de trinta anos sobre a sua primeira publicação –, recolhidos na obra canónica.