Aquele que ousa esquecer a sua história, arrisca-se a vivê-la de novo.
Auschwitz era uma cerca de metal ondulando na brisa, era um piano que tocava num tremor desalmado pelas cordas de arame farpado...milhares de claves que me amoleciam o espírito, que me levavam à depressão. As barracas e o sonho da minha infância, levado por Karol e Dragomir.
(Henryk) – “Sobibor? Que lugar é esse? Porquê? O que têm aquelas árvores?”
(Isaac) – “Falta quem lhes dê música. Falta quem as habite. Quem lhes dê vida e movimento.”
(Henryk) – “Mas, não há pássaros, aqui?!”
(Isaac) – “Não, filho! E é por isso que eu sei, e que eu tenho a certeza, que não estamos em Auschwitz, mas sim, num outro lugar chamado Sobibor. E é por isso que eu sei que tudo isto tem importância, que tudo isto irá ser lembrado, um dia!"
(Henryk) – “Não há aves em Sobibor?”
(Isaac) – “Não, Henryk. Não há aves em Sobibor...”
A neblina matinal que tarda em desaparecer, os telhados negros, os gorros siberianos, a ausência de natureza, o barulho ensurdecedor das máquinas, as malas dos ciganos na linha do comboio, a primeira cortina de ferro da história da humanidade. O enforcado que subia ao altar, a filha de Rudolf Höss a brincar no alpendre, a marcha dos soldados, as saudações, e tu, Europa, minha bela Europa, que me tocas, que me carregas, que me trazes protegido sob as lonas deste jipe furtivo da Wehrmacht. Talvez, por sorte, talvez, por pouco tempo, fosse possível prolongar aquele diálogo interrompido, lá longe, ainda lá fora, em pleno campo de extermínio de Sobibor.
(Isaac) – “Então, meninos! Querem saber qual é o meu segundo sonho?”
(Erek) – “Porque não usa uma estrela amarela, como nós? Em vez disso, porque tem um triângulo vermelho virado ao contrário?
(Iwona) – “Deixa comigo. Eu depois explico-te.”