Quem são os mutantes? Todos somos mutantes.
Porque nasce a maioria de nós com um só nariz, duas pernas, dez dedos e vinte e quatro costelas – e outros não?
Porque interrompe a maioria de nós o seu crescimento durante a adolescência – e outros continuam a crescer?
Porque têm alguns de nós cabeças revestidas de cabelo ruivo – e outros não têm cabelo nenhum?
O genoma humano, dizem-nos, faz de nós o que somos. Mas como?
Este é um livro de histórias: de uma menina, aluna num convento de freiras, que deu consigo a mudar de sexo na puberdade; de crianças que, trazendo-nos à memória os ciclopes de Homero, nascem com um único olho a meio da testa; de uma aldeia croata de anões de idades invulgarmente avançadas; de uma família hirsuta que foi conservada na corte do reino da Birmânia durante quatro gerações (e inspirou a Darwin uma das suas mais certeiras visões acerca da hereditariedade); e do povo dos pés de avestruz: os Wadoma, do vale do Zambeze.
Em Mutantes, Armand Marie Leroi brinda-nos com uma brilhante narrativa da nossa gramática genética, falando-nos das pessoas cujos corpos no-la revelaram. Passando aparentemente sem esforço do mito para a biologia molecular, o objecto desta obra elegante e esclarecedora somos todos nós.