«De pernas esticadas e apoiada nos cotovelos, Yasue olhava o mar. Massas enormes de nuvens fervilhavam gigantescas, imensas na sua tranquila majestade. Dir-se-ia que bebiam todos os barulhos cá de baixo, até o rumor do mar.
Estava-se no pino do Verão e havia fúria nos raios de Sol.
As crianças cansaram-se do castelo de areia. Desataram a correr para que a água jorrasse das poças à beira das ondas. Acordada do pequeno e tranquilo universo pessoal para o qual tinha resvalado, Yasue correu atrás delas.
Mas não estavam a fazer nada que fosse perigoso. Tinham medo do bramido das ondas. Havia um pequeno redemoinho para lá da rebentação. Kiyoo e Keiko de mão dada, com água até à cintura e os olhos brilhantes, faziam frente à água, sentindo a areia mexer debaixo dos pés nus.
— Parece que alguém nos está a puxar — disse Kiyoo à irmã.
Yasue aproximou-se deles e proibiu-os de irem mais longe. Mostrou-lhes Katsuo, não o deviam deixar sozinho, deviam ir brincar com ele. Mas não lhe prestaram atenção. Estavam de pé, de mãos dadas, felizes, e olhavam-se sorrindo. Tinham um segredo: a areia que sentiam mexer debaixo dos pés.»