Durante décadas, em Lisboa, na Avenida da Liberdade, e um pouco por todas as ruas das cidades portuguesas, jovens rapazes desfilavam orgulhosos (ou, muitas vezes, contrariados), de bandeira em punho, exibindo a sua inconfundível farda verde e caqui. A Pátria, Deus e Salazar - o homem que criou a Mocidade Portuguesa (MP) com o objectivo de efectuar a «formação integral» da juventude, com vista a moldar «homens de carácter». Os novos homens para um Estado Novo. A MP, organização tutelada pelo Estado durante aproximadamente quatro décadas (de 1936 a 1974), em plena ditadura salazarista, enquadrou a juventude em idade escolar, obrigatoriamente entre os 7 e os 14 anos, voluntariamente até à idade da incorporação militar. Criada à imagem e semelhança de organizações de juventude de outras ditaduras europeias. De norte a sul do país, a MP organizou paradas, acampamentos e sessões de ginástica. Quando Marcello Caetano, um dos dirigentes mais marcantes da MP, foi derrubado com o 25 de Abril de 1974, e com ele o regime fundado por Salazar, a MP era já um anacronismo dentro do próprio Estado Novo.