«Susana André propôs-se a um trabalho surpreendente, exaustivo e, já agora, bem mais do que útil: tentar explicar como nasce, como cresce e como morre um boato (quando ele chega a morrer, o que raramente acontece).»
Miguel Sousa Tavares, in Prefácio
O clarão foi visto numa extensão de vários quilómetros e o barulho ouviu-se em Cascais, assegurou o locutor de rádio enquanto anunciava a chegada de marcianos à praia de Carcavelos. Onze pessoas foram esfaqueadas na Praça de Espanha por um árabe de túnica branca alertava o e-mail que correu milhares de caixas de correio electrónico. O convento de Mafra está infestado de ratos do tamanho de coelhos efabula a lenda que já faz parte da história deste monumento nacional. E os fantasmas que por todo o país pedem boleia são quase tantos, quantas as estradas portuguesas: diz-se que assombram locais como a serra de Sintra e a curva do Mónaco. Lembra-se de ter recebido um e-mail a pedir pijamas para o IPO? De lhe garantirem que o cantor Carlos Paião mudou de posição dentro do caixão? De ler numa revista que Teresa Guilherme e Manuel Luís Goucha estavam de casamento marcado ou de ouvir falar na alegada relação entre José Sócrates e o actor Diogo Infante? Certamente também já lhe contaram que os hambúrgueres da McDonald’s são feitos de minhocas e que saem crocodilos vivos das sanitas nova-iorquinas.