O centenário da morte do filósofo, poeta e cristão francês Charles Péguy (1873-1914) reavivou o interesse pela leitura da sua obra a vários títulos singular. Segundo o presidente da associação francesa L'Amitié Charles Péguy, que procura relançar hoje a leitura dos seus textos, Péguy "pulveriza os rótulos. Para sua infelicidade, ele foi, com efeito, inclassificável. Na Igreja do seu tempo, era um marginal. Recalcitrante à autoridade, não ia à missa e, como não era casado religiosamente, não tinha acesso aos sacramentos. Sofria por isso, mas compensava-o através da oração, especialmente a Maria. Completamente impregnado pela leitura dos Evangelhos, do catecismo e do breviário, alimentou a sua obra de textos litúrgicos. E tinha uma vida de fé muito intensa". Satirizando o homem moderno de consciência prometaica, cheio da sua importância, virado para si mesmo e esquecido dos outros, Péguy apela com humor o original mestria literária neste seu poema a que sejamos mais propensos à leveza, à humildade, à solidariedade, à confiança, à lucidez e à maturidade. Porque, apesar de não ser de todo um mundo paradisíaco livre de ambivalências e maldades, a infância continua a ser o eterno horizonte da nossa estatura plena enquanto homens e a promessa de uma natureza humana que importa incessantemente conquistar num processo que requer coragem, responsabilidade e firmeza de espírito.