Este livro pretende apresentar o estado dos conhecimentos sobre as misericórdias à luz da bibliografia recente sobre o tema no período compreendido entre a sua fundação e o Consulado de Pombal.
Dois vectores de análise são considerados: o primeiro, o das misericórdias enquanto peças institucionais do Reino e do seu Império, e o segundo, o seu papel na vida local portuguesa.
Concede-se particular atenção aos anos de fundação e estruturação destas confrarias no reinado de D.Manuel I, em que as Misericórdias se inscreveram numa lógica de construção do estado moderno e à forma como acompanharam as transformações na sociedade portuguesa.
Mas é sobretudo a análise da sua implantação local a nível social e religioso que revela o seu lugar fundamental na criação de consensos, e portanto na formação de hegemonia.
Por essa razão procede-se ao estudo dos seus rituais e das suas práticas de caridade, tendentes a construir denominadores comuns entre níveis de riqueza e estatuto marcados pela desigualdade estrutural.