Após a queda do Muro de Berlim, iniciou-se uma época em que tudo parecia comprovar a irresistível marcha para o definitivo triunfo do capitalismo. Passados poucos anos de autoglorificação do neoliberalismo e dos seus apoiantes, externos e internos, mesmo os mais desiludidos à esquerda e os mais hesitantes ao centro começam a reconhecer que, paradoxalmente, este sistema económico e político, que se tem autoconsiderado «o único» da maneira mais arrogante, afinal caiu no marasmo. Ou até pior: enquanto modo de organização económica e social, o seu rendimento aponta para a miséria, não conseguindo proporcionar à sociedade, no seu conjunto, um nível de vida compatível com a dignidade humana.
Se o triunfo do capitalismo, nos tempos eu vivemos, universaliza as formas modernas da miséria, não terá chegado já a hora de elaborar as vias que hão-de possibilitar a superação deste mesmo capitalismo incompetente?
Assim, podemos dizer que o capitalismo não tem moral, pois não se importa de gerar cada vez mais miséria ao lado da opulência. Mas não acreditemos que a sua crescente perda de legitimidade implica a sua autodestruição.