Em Portugal sofre-se muito. Eu sofri muito. Tu já sofreste muito. Só Deus sabe o que ele já sofreu. De resto, sofre-se muito neste país. O próprio país sofre. Sofre só por si com ponto final. E sobre coisas exteriores a si. Sofre de dúvidas. Sofre quedas. De escadotes. De cabelos. Sofre alterações. Sofre cataclismos. (…) Sofrer é feio. Em público ainda é pior. O sofrimento é uma doença, uma constipação da alma, uma coisa para esquecer. Temos o dever de nos alegrarmos. A nós próprios e uns aos outros. Isso é que é um dever. A sinceridade é uma coisa gratuita. Alegrarmo-nos é uma missão heróica.