As histórias deste livro abarcam um período de mais de trinta anos, entre dois acontecimentos, ambos fora de Portugal. O primeiro é o estágio de vários dias da equipa do Sporting treinada por Malcolm Allison, na Bulgária, na preparação da época do título de 1981/82 – um estágio em que participava o novo guarda-redes, um húngaro de nome então ainda estranho e que, segundo as notícias que iam chegando, fazia defesas impossíveis. O segundo acontecimento é bem mais curto, dura apenas uns segundos, em finais de 2014, numa das metades de um relvado dinamarquês, com o autor de repente a sentir que a história do Sporting toma conta da selecção nacional e leva a uma vitória empolgante com um golo de Cristiano Ronaldo.
São vinte histórias de futebol, a maior parte do Sporting e as restantes vistas inevitavelmente com um olhar sportinguista. Nelas estão os golos de Acosta, de Jardel e de Liedson, e também, além de outros, os de Oliveira, Manuel Fernandes e Jordão. Está a contratação do Paulinho, está o primeiro livro do autor e está também um cachecol que acabou por ficar num dos lugares da bancada do Estádio Nacional, em 1996, pousado sobre o sangue de um adepto do Sporting. E mais, muito mais… Bilhetes para a final europeia do Sporting em 2005; o golo com que a Argélia derrotou uma das Alemanhas, a mais forte, em 1982; uma remodelação governamental a meio de um Sporting x Real Madrid; a recomendação do futebol português para um prémio literário; e um árbitro que validou dois golos polémicos do Benfica. E também uma conversa em Madrid com Jorge Valdano; uma recordação sportinguista da cantora Celine Dion; o extraordinário avançado belga Serge Cadorin; a tábua forrada à Sporting sobre a qual o autor escrevia ainda menino; e um pequeno caderno em que por esses tempos apontava tudo dos jogos da equipa, o seu verdadeiro ídolo. E ainda uma descida de Monchique, da serra dos dois dinossauros adormecidos, para ver o Sporting pela primeira vez ao vivo, em Portimão, entre o maravilhado e o espantado, de mãos no gradeamento atrás da baliza onde um guarda-redes alto, magro e de longos bigodes, bem maiores do que os que por cá os futebolistas usavam, o húngaro Meszaros, apareceu para fazer o aquecimento a uma distância em que quase podia tocar-lhe.
Prefácio: Augusto Inácio