Há fases na vida que são um verdadeiro tormento.
Com um cancro de mama aos 35 anos
a minha relação conjugal termina
e o meu pai morre.
A vontade de morrer passou a ser maior do que a de viver.
Nesta luta de forças desiguais onde se vence ou se morre é importante criar ferramentas de sobrevivência - manter a força positiva, a vontade de vencer e acreditar sempre que ter um cancro não é sinónimo de se deixar de viver.
Sentia-me perdida, confusa, declaradamente apavorada e sem rumo, a minha bússola estava avariada, não tinha ponteiros e a rosa-dos-ventos estava ilegível. Reconstruí-la exigiu de mim uma entrega profunda a nível pessoal – física, mental e espiritual – que me permitiu conhecer-me na íntegra, quais as minhas capacidades, saber ser inteligente agarrando-me às coisas boas da vida e descartando as más. No fundo foi um reaprender a viver ao mesmo tempo que ia recriando uma nova personalidade para me tornar na mulher que sou hoje.