Tocopilla, pequena povoação portuária no norte do Chile: eis o cenário inicial do relato aventuroso e fantástico – coado por uma imaginação delirante e indomável – de destinos que dão sentido inesperado à vida dos seus personagens.
As histórias, entre outras igualmente deslumbrantes, do Jodorowsky – homem atarracado, comunista e ateu, crente de que o único ideal digno do homem é o estômago cheio – e a sua mulher, Sara Felicidad – mulher alta, de cabeleira fosforescente, pele de nácar e olhos de azul profundo, que não sabia falar como os seres humanos: emitia apenas notas musicais como os anjos.
É uma atmosfera de subtil perfume alquímico e matiz surrealista, em pleno ambiente histórico do Chile dos anos 30 – palco de confrontações ideológicas, de ambições políticas locais, subjugadas pelos interesses de potências estrangeiras – que, irreal e sobranceira, pontifica a figura redentora de Rebe. Alucinação ou não., ela muda a vida dos personagens.
Rebe real? Rebe irreal?
Apenas, como o Autor, podemos responder que o sentimos no coração.