Não faria sentido abstrair o homem do meio social em que nasce e se desenvolve. O seu percurso no mundo faz se individualmente num caminho partilhado por outros seres humanos, mas enquanto caminha influencia os outros e por eles se deixa influenciar. É precisamente nesta condição de relação social que surge o medo: das estruturas de relações sociais, nas quais os indivíduos se encontram nos percursos da sua vida, emerge e desenvolve se o medo social.
O medo social é produto de relações desequilibradas, em qualquer dos campos da acção humana, havendo actores que nos sistemas sociais dele mais beneficiam, e outros que por ele se deixam dominar.
A prevalência desta emoção nas estruturas de relações sociais faz se pela manutenção de uma ordem, cujos vigilantes garantem a eficiência da sua actuação, podendo estes revestir as mais diversas expressões, formais e informais, para garantirem a sua eficácia no tecido social.
Neste sentido, o medo social emana de diferentes fontes, e não é produto de uma espontaneidade ingénua. Ele resulta de uma intencionalidade, que se pode caracterizar por uma maior ou menor intensidade junto daqueles que constituem o alvo preferido de quem da sua insegurança pode beneficiar.
Esta emoção reflecte estados de insegurança que radicam naquilo que de mais profundo existe no ser humano, e quem mais dela fizer uso maior possibilidade terá de controlar a acção dos outros.
Como partimos do princípio de que a melhor forma de enfrentar os nossos medos é deles tomar consciência, a leitura deste livro torna se obrigatória para quem se recusa a ser escravo dos que se servem do medo como instrumento de domínio dos outros.