«Se a carta de Lord Byron à irmã é por excelência o texto do amor incestuoso, esse amor entre iguais que, diz ele, o tornou incapaz de ligar-se a outro ser humano, a dedicatória de As Máscaras do Destino em que Florbela evoca o irmão morto só não terá causado desconforto porque tanto ela como os seus leitores desviaram os olhos do fulgor negro desse sentimento. Este livro procura orientar-se entre arrogância e dor, do que resulta uma visível dilaceração. Por traduzir romances sentimentais franceses, Florbela adquiriu alguma competência para as encenações sofisticadas. Atraem-na os ambientes da alta burguesia, da intelectualidade nos seus clubes. Há aquele excesso de jardins e de adjectivos que denunciam uma fraca literatura. Mas as páginas brilham quando nelas incide a luz alentejana e, por extensão, a luz de outras paisagens. Um trabalho de transfiguração, que é o grande trabalho da poesia, levanta-se em defesa desta obra como um irrefutável argumento.»
Hélia Correia