O homem da agência funerária chegou tão pontualmente que Maria dos Prazeres estava ainda em roupão de banho e com a cabeça cheia de rolos, e mal teve tempo para por uma rosa vermelha na orelha afim de não parecer tão indesejável como se sentia. Lamentou-se ainda mais do seu estado quando abriu a porta e viu que não se tratava apenas de um notário lúgubre, como ela supunha que deviam ser os comerciantes da morte, mas um jovem tímido com um casaco aos quadrados e uma gravata com pássaros coloridos. Não trazia sobretudo, apesar da Primavera incerta de Barcelona, que as chuvas batidas por ventos oblíquos tornava quase sempre menos suportável ainda do que o Inverno. Maria dos Prazeres, que recebera tantos homens a qualquer hora, sentiu-se envergonhada como pouquíssimas vezes lhe sucedera