A escultura em marfim ocupou um lugar cimeiro na arte do império português. Provenientes de uma larga extensão geográfica, da Costa Atlântica de África aos mares da China, dos finais do século XV aos alvores do século XIX, estas obras são testemunhos notáveis das relações culturais estabelecidas pelos navegantes e mercadores portugueses nas mais diferentes regiões por eles alcançadas. O património que chegou aos nossos dias em obras executadas em marfim apresenta, nos exemplares mais recuados, o constante recurso à heráldica da Casa Real Portuguesa associada a imagens europeias e ainda iconografia cristã. Uma manifestação de verdadeiro fascínio por parte dos Portugueses e demais europeus em se verem representados de um modo tão diferente; um pouco a atração pelo seu próprio reflexo espelhado numa cultura tão dispare. Mas vai ser em grande parte devido à missionação e o estabelecimento de uma verdadeira “indústria” artística católica em Goa que a arte do marfim para exportação se irá desenvolver, numa produção sem paralelo. Esta obra, da autoria de alguns dos mais destacados especialistas atuais, procura traçar dentro de uma perspetival inovadora, o conhecimento mais recente sobre os principais centros produtores de que Portugal teve papel decisivo para o seu desenvolvimento numa escala transcontinental nunca antes vista – África Ocidental, Índia, Sri-Lanka, o Sudeste Asiático, a China, através de Macau e ainda o Japão.