Alves Redol foi o primeiro escritor de orientação realista a encontrar uma larga aceitação no público leitor. O drama social das gentes do Ribatejo, seu primeiro interesse como romancista, inspirou muitos dos seus títulos mais conhecidos: Glória (estudo etnográfico, 1938), Gaibéus (1939), Avieiros (1943), Fanga (1943), Olhos de Água (1954). Marés (1941), que se inclui nesta temática, um romance da juventude (Redol escreveu-o aos trinta anos), contém já os elementos que marcariam a sua escrita de modo firme e inconfundível: a luta do povo das campinas pela sobrevivência, contra a miséria e a exploração. Um romance em que o futuro abre caminho, ganha espaço, desenha a esperança. Nas palavras do próprio autor, a encerrar o livro: «Aquele grito ia para o futuro. E era ele que guiava os homens que tomavam toda a estrada.»