Este é um livro de narrativas que, sendo autónomas, não são independentes, pois pretende-se que o todo, tal como os quadros de uma exposição, crie um ambiente e conte uma história, com as descontinuidades inerentes a uma tessitura narrativa que não está preocupada com uma progressão linear. O livro tem duas linhas que se cruzam: as histórias, auto-suficientes mas organicamente ligadas, têm como temática principal uma aldeia do Alentejo em meados do século XX, fechada sobre si própria, mas que, inevitavelmente, se vai abrindo ao exterior; ao mesmo tempo, subliminarmente, falam do crescimento de uma jovem em cuja memória adulta se vão reinventando as vivências desse tempo e lugar. Trata-se, por conseguinte, de uma obra em que se entrelaçam a memória individual e a memória colectiva, num estilo em que predomina o recurso à prosa poética.