«Um apego ao concreto. Uma obra tida como ímpar no género da literatura autobiográfica. Depois de ter investido, durante 30 anos, na poesia e na crónica, José Saramago regressa às origens e recupera o romance, género com que tinha iniciado a sua carreira. Aos 55 anos, inicia nova vida literária, que o irá transformar no mais conhecido escritor português contemporâneo. Carta de ideias e rumos. Os muros de Caxias. Um pintor a retratar as vicissitudes do quotidiano. Sabe que nunca cabará o segundo quadro. «O retrato está tão longe do fim quanto eu quiser, ou tão perto quanto eu decidir». Saramago e o homem no tempo e nas circunstâncias, nas luzes e nas sombras. Saramago em viagem. «Verifico que mais fácil me foi ir dizendo quem era do que afirmar hoje quem sou». Saramago de inquietações e interrogações, de luta política. A última página deste romance regista a queda do regime.»
(Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)