O nosso país está a saque. «O estado a que chegámos» de Salgueiro Maia foi paulatinamente trocado pelo estado a que deixámos chegar isto. Instalou-se a chico-esperteza em detrimento de o trabalho honrado e a democracia faz uso de um povo alienado a futebóis e programas de lixo para encher a ganância político-económica dos caras-de-paus que se dizem preocupados com o pão dos outros. Os truques são muitos, a vergonha é nenhuma, a bandalheira é total; e este país, que Eça de Queiroz chamou de sítio, transformou-se numa nação de bandeira virada para baixo. Tão para baixo, que cabe agora aos poetas trocarem a Lua e o Amor por versos de apelo ao inconformismo popular, esperando que um dia, com a ajuda de todos, a bandeira se endireite.