Passaram-se doze anos desde que o marido deixou Kei só, com uma filha de três anos. O único indício que ele lhe deixou foi a palavra Manazuru, escrita no diário, o que a leva a dirigir-se regularmente à povoação costeira com esse nome, apesar da relação amorosa que agora tem com um homem casado. Como sempre acontece nos romances de Kawakami, o tempo decorre lentamente e as emoções revelam-se nos pequenos gestos, nos encontros efémeros, na delicadeza das sensações. Mas em Manazuru é mais tangível a presença de um mundo invisível que impregna o quotidiano e perturba a geografia sentimental das personagens. Junto ao mar, há o ruído da chuva no céu imenso, as centelhas de um incêndio, o voo das garças sobre as casas em ruína: um instante luminoso entre a aparição e o desaparecimento, os mistérios de ausência e o apelo da vida. Manazuru é uma meditação sobre a memória e o futuro, uma delicada exploração das relações entre homens e mulheres e entre pais e filhos no Japão dos nossos dias.