Evguéni Petrovitch é a figura emblemática do emigrado russo que durante tantas décadas procurou o Ocidente. Alguém que, privado dos vínculos mais fundamentais que unem um indivíduo à sociedade humana, se vê de certa forma condenado a vaguear pelo mundo. Evguéni deixa a França pelos Estados Unidos, sacrificando o seu último bem - um par de brincos que pertencera à companheira, dos quais um fora atingido por uma doença mineral: o mal negro. Mas, no Novo como no Velho Mundo, uma única forma de existir já só é possível para ele uma infinita busca de coisa nenhuma, uma deriva cujo horizonte fosse o inominável vazio simbolizado pelo mal negro. Berberova volta a afirmar-se como uma escritora de raro talento, senhora de um estilo muito próprio, cuja obra tem vindo a ser reconhecida no mundo inteiro.