Falar dos surdos implica falar da sua História, da forma como as representações em relação à surdez se foram transformando ao longo dos vários paradigmas socioculturais da pré-modernidade, modernidade e pós-modernidade. E, ainda, falar de como muitas destas representações se mantêm hoje em dia. Em termos geográficos, tomámos a Europa Ocidental e os Estados Unidos como referência alargada e Portugal como referência mais específica.
Neste estudo, decidimos analisar apenas três lugares: o corpo, a identidade e a cidadania.
Considerámos que o lugar do corpo devia ser o nosso ponto de partida, porque
foi devido ao facto de não ouvirem, que os surdos criaram uma linguagem gestual, em alternativa à verbal. Esta linguagem evoluiu, dando origem a línguas estruturadas, reconhecidas oficialmente em muitos países, tais como a África do Sul, a Finlândia, a República Checa, o Brasil, a Venezuela, o Reino Unido, Espanha e Portugal. Como veremos, é através da defesa do uso da língua gestual, quer para comunicar, quer para aceder a serviços sociais como a educação, o trabalho e outros, que o indivíduo surdo se assume na sua diferença.