Em Março de 2003, quando as atenções do mundo inteiro estavam voltadas para o Iraque, Fidel Castro lança uma vaga repressiva sem precedentes: 75 dissidentes — jornalistas, defensores dos direitos humanos, sindicalistas, bibliotecários, etc. — são detidos e condenados a pesadas penas de prisão. No total, 1453 anos de encarceramento, na maior parte dos casos por «actividades contra a integridade e a soberania do Estado». Por todo mundo, surgem protestos generalizados. A imagem romântica da Revolução de 1959, habilidosamente criada e mantida por Havana, desfaz-se à vista de todos. Mas há muito que as organizações de defesa dos Direitos do Homem conheciam a realidade vivida na ilha.
O Livro Negro de Cuba, cuja edição portuguesa é prefaciada por José Manuel Fernandes, director do jornal Público, apresenta igualmente uma série de documentos de referência, capazes de elucidar os leitores sobre a política repressiva do regime de Fidel Castro, mas também sobre as actividades de uma Resistência que se vai afirmando dia-a-dia. Ao lado dos textos legais que tentam justificar o injustificável, apresentam-se aqui os principais manifestos da Dissidência — petições, abaixo-assinados, cartas abertas, textos programáticos —, elaborados com a intenção de alcançar em Cuba a almejada transição democrática. No final, divulgam-se os principais dados biográficos dos jornalistas presos, o que permite conhecer melhor a emergente sociedade civil e o outro lado da realidade cubana.
O Livro Negro de Cuba é de leitura imprescindível para todos aqueles que, para lá das paixões políticas e da propaganda oficial, queiram compreender o que se passa efectivamente na ilha de Fidel Castro.