quando cresce o corpo do poema. Da mais estrema infância. Moçambique, nome a desocultar-se. Suas declinações. Em Ana Mafalda Leite, sempre pressenti e li esse canavial, lá onde o Zambeze alarga suas margens. Fosse na mais pura ou minimal exaltação lírica, na pose-corpo da palavra evolando odores de especiarias de coreográfica sedução, fosse na assunção dessa torrente quase erótica, desnudez do desejo com tecidos-panos em jogo de Xerazzade a cada verso desadormecendo o Tempo, a poeta de Rosas da China ou de Em Sombra Acesa, há muito se andarilha fascinada, como Cecília Meireles, pelos muitos Vaga-lumes e Ecos que lhe iluminam e ressoam na escrita. Um secreto pudor a suspende onde ela sabe a evidência da carne viva. E é quando a envolve de oiro e de esmeraldas, metáforas de uma estesia explodindo de dentro.Agora se reencanta e invoca as vozes, canoando no rio-oceano deste livro. Sempre em Moçambique houve mundo e dele, com ele, se navegou, ancorou, outrou.Luís Carlos Patraquim