É um dos animais mais fugidios da fauna ibérica. Tão raro, que ganhou o triste epíteto de felino mais ameaçado do mundo. Hoje em dia, o lince-ibérico, outrora tão comum nos bosques portugueses e espanhóis, apenas sobrevive em escassos montes da Andaluzia. Mas, ao contrário do que alguns tentam fazer crer, o lince-ibérico não é um mito. Ainda não desapareceu por completo. Apesar de estar à beira da extinção, ainda é possível salvar esta espécie única e bela. Ainda é possível avistá-lo. Senti-lo. Deambulando nos barrocais agrestes da serra ou na penumbra da floresta. Quando o sol se despede, o lince volta a ganhar corpo. Insinua-se pelos matos mediterrânicos – o seu habitat de eleição. Esgueira-se pelos trilhos ancestrais em busca de coelhos – a presa que garante a sua sobrevivência. Cria as suas ninhadas em obscuros buracos dos troncos das árvores ou entre os arbustos mais densos. Deixa pegadas no solo mole e as marcas das suas garras nas cascas dos azinhos e dos sobros. Alimenta a imaginação dos velhos caçadores e dos pastores serranos – que ainda recordam de quando se cruzaram com o gato-cerval em veredas, entretanto destruídas por estradas e urbanizações. É este predador que pode ficar a conhecer ao longo das páginas do livro. Entender como caça, como cria os seus filhos, como escapa aos perigos que o ameaçam. Através de histórias únicas e de fotos magníficas, é possível partilhar momentos comoventes e entrar na intimidade dos últimos linces-ibéricos.