Os contos e lendas tradicionais começam normalmente com "Era uma vez...". A história do Licor Beirão também poderá iniciar-se segundo o esquema tradicional. Era uma vez um caixeiro-viajante, de nome Luís de Pinho, oriundo do Porto, que vendia Vinho do Porto por esse país fora. Um dia, nos finais do século XIX, ao passar pela vila da Lousã, parou na Farmácia Serrano, a botica local que ficava na Rua do Comércio, em pleno centro da vila, e apaixonou-se por Raquel, a filha do farmacêutico, com quem viria a casar. Nessa farmácia produzia-se um licor natural, um verdadeiro elixir medicinal...
Passados poucos anos, rebenta a guerra da Europa. Portugal, apesar de não estar directamente envolvido, sofre as consequências. Em 1940, a fábrica do Licor Beirão teve de ser vendida. Felizmente, José Carranca redondo, um jovem de 24 anos que já lá tinha trabalhado, investe todas as suas poupanças, compra a casa e o segredo por 11 contos de réis.
Dedica-se de alma e coração ao novo negócio. Casou pouco depois e a sua mulher passou a fabricar o licor.
Homem criativo e de grande iniciativa logo no primeiro ano de actividade avança com uma campanha publicitária. Aos fins-de-semana, recorre aos amigos e com um balde de cola e cartazes percorre o país. Dos cartazes o mais conhecido é a famosa tabuleta de ripas de madeira com a inscrição Licor Beirão, com um pássaro pousado no cimo e a serra da Lousã ao fundo. Estava definitivamente divulgado a nível nacional o que ainda hoje é considerado o Licor de Portugal, o Licor beirão.
Encontrou uma solução astuciosa e indirecta para financiar a sua campanha publicitária. Conseguiu angariar a divulgação nas estradas junto de grandes multinacionais como a Philips, a Mabor, a Autosil, a Lever, etc. Por sua vez, como a impressão dos cartazes era contínua e com grandes tiragens, resolveu assegurar a impressão dos mesmos na sua empresa. Apura a sua estratégia e utiliza uma técnica inovadora recorrendo à utilização de material reflector, que capta a luz dos faróis e ainda hoje é utilizado na sinalização das estradas, nas braçadeiras de segurança nocturna, etc.
Com o desaparecimento de José Carranca Redondo sucedeu-lhe o seu filho José Redondo, agora coadjuvado pelos seus próprios filhos Daniel e Ricardo redondo.
O Licor Beirão mantém e confirma a sua posição no mercado nacional e internacional, preservando a sua imagem de marca de Licor de Portugal.
Este livro, Licor Beirão, da autoria de M. Margarida Pereira- Müller, reconcilia-nos com a tradição de um sabor genuinamente português, através das múltiplas receitas que nos oferece.