O pai, Kingsley, é uma questão que Martin, o filho, tem com ele mesmo. Talvez por isso Martin Amis, depois do autobiográfico «Experiência», e antes do romance «Yellow Gold», se tenha dedicado a ler «muitos metros de livros sobre a experiência soviética», sobre a qual aqui discorre. É que o seu pai (como muitos outros intelectuais seus contemporâneos) foi por largo tempo um estalinista convicto. E Martin Amis pergunta-se porque é que no Ocidente tantos intelectuais se deixaram seduzir pelo comunismo. A explicação que encontra é a seguinte: «Talvez haja uma desculpa racional para acreditar nos contos estalinistas. É que a verdadeira história - a verdade - era inteiramente inacreditável.» Koba foi uma das alcunhas de Iossif Vissarionovitch Djugashvili, filho único de uma família pobre, que, em nome do povo, chegaria ao poder de uma superpotência e o mundo conheceria como Estaline, o «homem de aço». A repressão, as prisões, as torturas, os assassinatos, os gulags, a solidão de um homem perturbado e perturbante, cuja acção devastadora talvez ainda não seja conhecida na totalidade. «Koba, o Terrível», não é um livro de de um historiador, mas talvez por isso mesmo chega mais fundo a tentativa de percepção de um homem e de um tempo.