Conta a Bíblia que, fugindo a um mandato divino, Jonas é engolido por uma baleia, em cujo ventre desce ao fundo dos mares. À sua imagem e semelhança, o Jonas do novo romance de Patrícia Melo embarca numa viagem comparável, a bordo das suas próprias obsessões e muito além do seu quotidiano mesquinho.
Numa sala mortiça da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, Jonas carimba papéis sem muita pressa, esquiva-se das insinuações de Eunice e aceita sem muito ardor as investidas de Darlene.
Leitor de romances e escritor apenas virtual, o novo Jonas quer ver, nos dejectos do seu ventre, os augúrios do destino próprio e alheio. Corrigir romances, decifrar fezes. Meras esquisitices, inofensivas até ao momento em que se cruzam no espírito do protagonista: depois da leitura de “Copromancia”, conto de Rubem Fonseca, Jonas tem a intuição, ou melhor, a certeza, de ter sido plagiado pelo próprio ídolo. É então que a realidade resolve colaborar com a obsessão e o escritor passa a frequentar a biblioteca, para fazer (ou talvez simular) uma pesquisa para seu próximo romance…
Patrícia Melo (Brasil) é romancista, dramaturga e argumentista.
Publicou "Acqua Toffana", "O Matador" (Prémios Deux Océans e Deutsch Krimi; nomeação para o Prix Femina de romance estrangeiro; adaptado ao cinema em 2003 com o título "O Homem do Ano"), "O Elogio da Mentira", "Inferno" (Prémio Jabuti; nomeação para o Foreign Fiction Prize 2003, Inglaterra), "Valsa Negra" e "Mundo Perdido"; todos os títulos foram editados em Portugal pela Campo das Letras.
Em 1999 a Time Magazine inclui-a entre os cinquenta "Latin-American Leaders for the New Millenium".
As suas obras estão traduzidas em Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Espanha, Holanda, Grécia, Finlândia e China, entre outros países.