«Nas 24 horas do dia só vivo e penso em pintura».
Podemos começar por esta afirmação do artista para definir o sentido do seu trabalho. Joaquim Bravo não se quis profissional nem autodidacta. A pintura - como o desenho e a escultura - não sendo um hobby nem uma fonte de lucro foram, reconhecidamente, um vício. Desconfiando dos lugares passivos do auto-reconhecimento, Joaquim Bravo preferiu a permanente errância.
Sendo simultaneamente agente e receptáculo de uma obsessão de fuga, ele construiu e desconstruiu cada série de trabalho, ironizando também as suas próprias referências. Ao explorar as capacidades de repetição das formas, transgrediu-as no seu destino comum, já que cada peça comporta em si mesmo o seu móbil contraditório.