Inquérito ao Capitalismo Realmente Existente. Este livro parte da ideia de que pela primeira vez na História a acumulação de capital é planetária e que todos os limites extraeconómicos que impediam a expansão do capitalismo foram superados, apesar dos conflitos militares regionais que persistem e que, acidentalmente, poderão generalizar-se e comprometer a sua obra. Os antigos países do socialismo «real» e o «contrato social» sobre o qual se erguia o Estado de bem-estar europeu constituíam os principais obstáculos que impediam, no passado, a sua hegemonia triunfante. A derrocada de ambos teve como principal consequência um nivelamento minimalista dos direitos sociais e um aprofundamento das desigualdades a nível mundial.
O inquérito inicia-se com a análise das transformações na organização do trabalho, realçando as diferenças entre o taylorismo-fordismo e o just in time. Em seguida, aborda duas vertentes fundamentais do capitalismo realmente existente: a globalização financeira e as deslocalizações, com as suas consequências destrutivas sobre o modelo social europeu e o contrato social-democrata. Não esquece também a relação entre o império da mercadoria e a degradação ambiental, bem como as fracturas que se escondem por detrás do mundo aparentemente harmonioso da comunicação globalizada. Mas o capitalismo realmente existente não é eterno. Por isso, o ensaio aborda ainda um conjunto de alternativas políticas possíveis à sua hegemonia, tentando romper com o dogma dominante de que apenas resta à humanidade render-se embevecida e até reverente e agradecida perante o seu triunfo definitivo.