Os Maias marcam uma viragem na estética queiroziana mas não uma mudança de visão. Representam o abandono do naturalismo mas reforçam a atitude negativa que Eça de Queiroz tinha da sociedade portuguesa. À indigência nacional são contrapostos os paradigmas da França e da Inglaterra. Mas seriam os modelos perfeitos?
O autor desta obra defende que sobre o realismo de Eça de Queiroz desdobra-se o véu de uma idealização típica de um certo cosmopolitismo nacional, dessa tendência que faz do quintal alheio o jardim de virtudes da nossa ilusão.
Relevando a originalidade, a qualidade formal e a importância crítica de uma obra cuja leitura nos arrasta de pormenor em pormenor, de descoberta em descoberta, até à resolução do conflito entre idealização e realidade que é o objecto principal da sua argumentação, afirma A. Campos Matos no seu comentário preambular a este ensaio:
«Cento e doze anos depois da publicação d'Os Maias, e apesar dos milhares de páginas de estudos e comentários críticos que o romance suscitou, há nele ainda matéria importante a explorar, como o prova o presente enfoque crítico, onde se consubstanciam duas qualidades primaciais: uma original e bem fundamentada congeminação, e a capacidade de a traduzir sob forma concisa e aliciante. Daí que este estudo venha enriquecer o nosso lastro crítico sobre a obra de Eça de Queiroz, e venha prolongar as leituras que dela fizemos e haveremos de continuar a fazer, ajudando-nos a interpretar o significado, nem sempre imediatamente visível, de referências que se escondem sob a fluência e encantamento da sua narrativa.»