A publicação de Os Indiferentes, romance das vicissitudes amorosas de uma família da alta burguesia, marcou uma viragem na literatura italiana dos primeiros decénios do século XX e de certa maneira antecipou os temas sartreanos de A náusea. Leo Merumeci é um homem profundamente cínico e seguro de si que, apesar de ser amante de Mariagrazia, uma viúva da alta burguesia romana, seduz com sucesso a filha desta última, Carla, uma jovem de vinte anos. Antagonista de Leo é Michele, o outro filho de Mariagrazia, um jovem irresoluto e abúlico, o verdadeiro indiferente do romance. Michele é de facto hostil a Leo, mas não consegue nutrir por ele um autêntico ódio. Influenciado por Lisa, uma ex-amante de Merumeci e amiga da família, tenta vingar a honra perdida da irmã. Mas fá-lo com pouca convicção: compra uma pistola, dirige-se a casa de Leo disposto a matá-lo, mas esquece-se de colocar o carregador na arma… No final, Leo e Carla ficam noivos, e Michelle aceita o matrimónio com a passividade do costume. Os Indiferentes é uma obra-prima da literatura decadentista.