As ciências sempre fizeram imagens. Desde a geometria grega que o destino da ciência se cruza, não apenas com a palavra escrita, mas também com o delinear da figura, com o desenho da forma, com a configuração do espaço. Também hoje, porventura mais do que nunca, as ciências continuam a fazer-se de e com imagens que elas mesmas produzem. Imagens cada vez mais sofisticadas, que envolvem processos de produção sempre novos que a ciência mesma vai tornando possíveis.
Imagens que, ontem como hoje, estiveram sempre lá, não apenas para comunicar a outros um saber já constituído, não apenas para tornar fácil o que é difícil, para dar a ver o que já se sabe, mas - suspeitamos nós - para contribuir, de forma decisiva, para a constituição desse saber, para compreender o que sem elas não se compreenderia.
Todos olhámos, mas nunca vimos, as imagens com que a ciência sempre se fez. Como se elas não estivessem lá. Como se elas não tivessem que ter estado lá. Pretendemos contrariar este alheamento, esta espécie de desatenção face ao lugar das imagens em ciência. Que funções lhes são atribuídas? Que papel desempenham? Que tarefas lhes estão cometidas? Este livro nasce dessa vontade. Ir ver com que imagens a ciência se faz. Claro está que não nos foi possível obter uma visão panorâmica ou exaustiva. Como seria possível? Contentámo-nos com alguns exemplos.