«A Ilha e os Demónios» (1952), publicado oito anos depois do enorme êxito de «Nada» - prémio Nadal em 1944 -, confirma o talento narrativo de Carmen Laforet, consagrando a autora como uma das mais importantes escritoras espanholas do século XX.
O título evidencia as duas grandes forças que atravessam a história do livro: um intenso relato de conturbadas paixões humanas (demónios) que se intensificam no cenário de natureza agreste da Gran Canária, ilha do arquipélago das Canárias.
O romance, que começa numa manhã de Novembro de 1938, e se desenrola ao longo de um ano, acompanha a passagem da infância para a adolescência de Marta Camino, a protagonista, que vive em Las Palmas com o seu irmão mais velho José e a sua cunhada, Pino. Com eles, fechada num dos quartos da casa, meio enlouquecida devido a um traumático acidente, vive também a mãe, Teresa. Esta última é uma figura distante a educação de Marta, entregue que está ao seu irmão e ao destino medíocre por ele escolhido.
A vida de Marta será, no entanto, bruscamente interrompida pela chegada à ilha dos tios, fugidos da península e da guerra civil. Marta acolhe este acontecimento como o prelúdio anunciado de um novo mundo, carregado de promessas de uma outra vida, mágica e alucinada, preenchida por sensações novas. Dividida por sentimentos profundos de dever e lealdade à sua família e a oportunidade de finalmente concretizar os seus sonhos de futura escritora, Marta planeia a sua fuga da ilha. Descobrirá, no entanto, que os seus sonhos deverão ser adaptados a uma realidade brutal, plasmada no selvagem cenário da natureza envolvente.