A história de uma paixão avassaladora, uma viagem interior entre a perda e a loucura.
Irremediavelmente preso a um passado sem remissão, perdido em abismos interiores, o senhor de Montseguro não consegue vingar os seus fantasmas. O tempo, sem contemplação, esmaga-lhe a esperança no retrocesso, transformando o mundo em seu redor num espaço de equívocos e contradiç¿es.
Montseguro é a metáfora do passado, onde a vida se escoa lentamente num limbo de enganos. É um território de ilus¿es e falsas aparências onde a lucidez se esfuma nos gestos quotidianos e em que todos guardam o peso de um segredo envolto em mistério.
O senhor de Montseguro, mergulhado no seu labirinto de memórias, afectado pelo desaparecimento da mulher amada, tenta, no auge da sua loucura, continuamente o seu regresso, confundindo os tempos e as personagens: a sua viagem a Veneza constitui o derradeiro ludíbrio.
A revoluç¿o entretanto chegada a Montseguro é o golpe derradeiro e fatal nos dias parados. A partir daí o presente desfaz-se, a História acelera. E cada um, movido por suas diversas e particulares raz¿es, parte em busca do futuro. Montseguro esvazia-se, o passado é morto.
A Ilha de Arcangel é o retrato da decadência impiedosa de uma sociedade fechada, alienada, suspensa no tempo, condenada à extinção.