A definição de Humanismo percorre vários campos: filosófico, religioso, social, estético. O conhecimento crítico das fontes textuais, a partir de línguas e ciências restauradas, embate contra a Escolástica, que tão-só comentava, parafraseava, especulava, interpretava formalística e alegoricamente alguns corpora. Isso tem efeitos na revisão de Aristóteles, mas também na releitura do Novo Testamento, a partir de manuscritos gregos anteriores à Vulgata latina. Busca-se a pura mensagem evangélica alheia aos «comentários dos teólogos e toda uma massa de sobreposições dogmáticas e rituais, como o culto dos santos, as indulgências, os jejuns». A experiência de Cristo faz-se intimidade e «coerência pessoal entre as crenças e os actos», como defendia a Reforma. No social e no estético, porém, tudo fiava mais fino. O saber precederia o sangue; a tolerância irmanava povos, pacificados em Cristo, salvo se urgia guerrear o Turco; e as desigualdades eram aguareladas por, afinal, dependentes de senhores, antes de muitos se prenderem nas teias da Contra-Reforma.