Sérgio Vieira de Mello foi um dos mais corajosos e carismáticos diplomatas da sua geração. Muito jovem, entrou nas Nações Unidas, com cujos ideais sempre se identificou. Ao contrário da maioria dos seus colegas preferia estar em campo em vez de exercer cargos burocráticos em Nova Iorque. Em situações especialmente dramáticas - como a do Ruanda, que originou uma das mais graves crises humanitárias do século XX, e a de Timor-Lorosae, que culminou na transição para a independência -, Vieira de Mello conseguiu contrabalançar os seus princípios morais, moldados nas ruas de Paris em Maio de 1968, com os da política e das relações internacionais. Esta fascinante personagem, já comparado a Bob Kennedy, é analisada a fundo nesta biografia de Samantha Power. Sem abandonar o espírito crítico, Power descreve a carreira de Vieira de Mello mostrando como a experiência do diplomata nos massacres da Bósnia e do Ruanda alteraram a sua visão do mundo. Ele, que achava possível transformar situações difíceis só pelo poder das ideias, passou a considerar também essencial, no limite, o uso de força militar para impor a paz. Foi assim que Vieira de Mello assumiu a difícil posição de chefe da missão da ONU no Iraque após a invasão americana. Vieira de Mello não teve muito tempo para reverter a situação. Em 19 de Agosto de 2003, um atentado suicida destruiu parte do quartel-general da ONU em Bagdad, e ele foi uma das suas vítimas mortais. A sua história, no entanto, permanece como ponto fundamental no debate sobre o futuro da ONU e das relações internacionais.