E se o que torna o humano único é o facto de ser humano? É esta a questão lançada por G. K. Chesterton na obra "O Homem Eterno" pela primeira vez editada em 1925 mas que permanece mais actual que nunca, num momento em que se assinala o bicentenário do nascimento de Charles Darwin. Em resposta ao evolucionismo, Chesterton sustenta nesta obra o quão único é o ser humano, contra as teses então vigentes. Escrito num momento em que o Darwinismo social era a corrente dominante, Chesterton contestou violentamente a tese de que a sociedade caminha de um estado primitivo e bárbaro para a civilização. «Barbárie e civilização não foram estádios que se sucederam no progresso do mundo», afirmou, recorrendo a histórias do Egipto e da Babilónia para a sua contra-argumentação.
«Uma pessoa que se ponha a pensar no que poderia ter acontecido poderá conceber uma espécie de igualdade evolutiva; mas uma pessoa que se confronte com o que de facto aconteceu tem de se confrontar com uma excepção e com um prodígio. (…) Mas se considerarmos o que de facto aconteceu, temos de chegar inevitavelmente à conclusão de que o homem deixou tudo o resto a uma distância que se assemelha à dos espaços astronómicos, e o fez a uma velocidade que se assemelha à dos relâmpagos. E, pela mesma ordem de ideias, embora possamos perfeitamente analisar a Igreja no quadro de uma série de superstições mitraicas e maniqueias, (…) embora possamos perfeitamente imaginar que a Igreja foi eliminada em consequência desses combates, e substituída por outro culto qualquer, se o fizermos ficaremos imensamente admirados (e possivelmente intrigados) por voltarmos a encontrá-la, dois mil anos depois, avançando em direcção ao futuro como um raio alado do pensamento, com entusiasmo eterno, uma coisa sem rival nem semelhante, que continua a ser tão nova como é velha.»
G. K. Chesterton