A deficiência dos investigadores é devida, em parte, à falta de experiência náutica e, em maior parte, à espécie de sigilo - ou reserva ? que em Portugal se fazia da arte náutica, a qual nos conservou o monopólio do Atlântico durante quase um século, começando este apenas a ser violado quando Colombo - que navegara com os portugueses ? em 1492 realizou a dupla travessia, tão fácil, entre a Península e as Antilhas.
Não foi o acaso e o génio, mas a ciência náutica, a alavanca com que os mareantes portugueses, primeiro que os outros, abriram definitivamente a navegação entre a Europa, a África, a Ásia e a América.
Enquanto os outros navegadores só pensavam em desembarcar com a bandeira, para firmar a posse, os portugueses começaram por um acto menos simbólico, desembarcando com o astrolábio.
"A História dos Descobrimentos Marítimos tem pecado por falsidade técnica, porque aqueles que a escreveram, privados de documentação e desconhecendo arte náutica, se apoiaram no pouco que se lê nos cronistas, fiados estes mesmos nas versões orais que corriam e que deformavam os acontecimentos".
Almirante Gago Coutinho.