Uma colher de pau - o mais fiel e adorável dos utensílios de cozinha - parece ser o oposto da «tecnologia», na aceção mais geral desta palavra. Mas observemos com atenção uma colher de pau. É oval ou redonda? Côncava ou rasa? Talvez o cabo seja muito comprido, para que a nossa mão fique mais protegida de uma caçarola quente? Talvez tenha uma extremidade bicuda num dos lados, para chegar aos cantos de uma caçarola?
Foram precisas inúmeras invenções, grandes e pequenas, para chegar às bem equipadas cozinhas de que dispomos agora, onde a nossa amiga colher de pau de baixa tecnologia ombreia com misturadoras, frigoríficos e micro-ondas. Mas a história da invenção humana na cozinha é quase desconhecida. Nesta obra conta-se como domesticámos o fogo e o gelo, como desenvolvemos batedeiras, colheres, raladores, espremedores, pilões e almofarizes, como usámos mãos e dentes, tudo em nome de garantirmos o alimento diário. Há engenho inventivo oculto nas nossas cozinhas que influencia a maneira como cozinhamos e comemos. Este não é um livro sobre a tecnologia da agricultura, nem acerca da tecnologia da cozinha de restaurante. Fala-nos do sustento quotidiano dos lares e dos benefícios (e riscos) que os diferentes utensílios trouxeram ao ato de cozinhar.