«O título dá o tom: "Guia Prático" chamou o autor ao livro, por oposição ao manifesto anticorrupção que ele é na realidade. Indica assim um repositório didáctico de noções para proveito e exemplo. A ironia prossegue nas regras, descritas com método, tendentes ao apuramento da arte de bem corromper toda a vida em sociedade. O tom, no entanto, vai ganhando densidade, à medida que cresce a indignação. O próprio texto exige a mudança da intenção original, enquanto é escrito. Como se as palavras tornassem insuportável a leveza enquanto instrumento da eficácia, perante a insuportabilidade do efeito gerado pelo que estão a descrever. A estes vigários já não se ensinam padre-nossos. Aprendizes aqui somos nós todos, leitores e cidadãos. Para que, conhecendo as regras da infâmia, reinventemos as da dignidade.»Julieta Monginho